Os três recrutas pareciam ter ideias bem diferentes de como guiar suas investigações no porto, por mais que nem todas elas fossem boas. Deixando os marinheiros carregarem suas caixas em paz, Frederik voltava junto das outras duas e então o trio ouvia o pedido de seu superior para que lhe explicassem os motivos de cada um fazer o que fez.

- Tenho um nariz muito bom, senhor. Assim como todo o resto do meu corpo. Se tivesse algo suspeito naquelas caixas, eu com certeza descobriria! - Dizia ele confiante como sempre. Marília era a segunda a falar - Crianças geralmente se provam informantes muito bons, não é? Assim como serviçais e moradores de rua. Na maioria das vezes ninguém sequer nota suas presenças, então é fácil para elas ficarem sabendo de coisas que não deveriam saber - Ela tinha um sorriso cordial em sua face, mas falava sempre de um jeito muito inteligente. Por fim, era a vez de Akali falar - As vezes é bom começar a investigação pela fonte mais óbvia, senhor - Ela estendia a mão e entregava duas fichas para Arthur. Olhando para os outros recrutas, Lawrence podia ver o choque em suas faces - Não é muito, mas com isso já podemos identificá-los melhor e…

- Queeeeeeeee?
- Não pode ser…

- Vo… Você fala mesmo? - Frederik dizia, parecendo chocado. Marília parecia envergonhada e já tinha se recomposto - Então já pode responder o meu convite pra irmos jantar no “Sushiman do Leste” esta noite… - Ele dizia confiante, com um sorriso malicioso na cara. Sua resposta, era apenas um olhar matador de Akali, que rapidamente fazia com que ele desistisse da ideia e voltasse a se recompor. Se olhasse o documento que lhe fora entregue pela ninja, Arthur veria algumas informações sobre seus alvos.

Otávio:

Otto:

- Normalmente, senhor. Aqueles que vêm para ilha por fins de comércio, ficam hospedados na Guilda Pássaro Dourado. Ao menos aqui nesta parte de Batoshi - A ninja informava quando percebia a atenção de seu superior nas folhas. Olhando para seus outros pupilos, Arthur era capaz de ver uma leve hesitação que rapidamente desaparecia do olhar de Marília, enquanto Franklin espiava os papéis e dizia - Lavender… Esse nome não me é estranho… - Dizia ele com cara de quem com certeza estava fazendo muito esforço para pensar. Marília cortava o assunto:

- Quanto a mim, senhor. Descobri com as crianças que as últimas pessoas interessantes que eles viram chegar foram dois caras com cara de lata… Imagino que provavelmente são nossos alvos, agora que temos uma foto deles - Ela dizia em um tom gentil, fazendo com que Franklin começasse a se focar nisso e esquecesse no que estava pensando anteriormente - E eu… Bom, descobri que não tinha nada de suspeito nas caixas - Será que Arthur esperava algo diferente daquele sujeito?

Mais algum tempo passava enquanto Arthur dava um feedback sobre as ações de cada agente. Franklin parecia desconcertado pela primeira vez desde que Lawrence o conheceu. Akali continuava um enigma, enquanto Marília deixava escapar certo orgulho de si mesma em seu olhar. O agente poderia continuar a investigação com seus subordinados, mas parecia haver uma comoção algumas ruas atrás, onde poderiam ser ouvidos alguns gritos e pessoas correndo. Com tantos marinheiros no porto, que pareciam começar a se mover para aquela direção, era difícil dizer se aquilo realmente era um problema dos agentes.

Controle:

Arthur passava um tempo analisando cada um dos recrutas enquanto os escutava falar. Apesar de achar a atitude de Marília suspeita, decidia dar um voto de confiança ao menos por hora julgando que estava cedo demais para agir com relação a isso. Teria outros meios de descobrir caso ela de fato estivesse tentando esconder algo.

Antes que pudesse dar mais ordens, entretanto, o tumulto que começava algumas ruas atrás chamava atenção de todo o grupo. Vendo aquilo como uma boa oportunidade para continuar testando os recrutas, Arthur ordenava que fossem imediatamente para lá. No caminho até lá, viam algumas pessoas correndo, mas se apressaram em chegar até a fonte. Quando finalmente chegaram, podiam ver um cenário bem bagunçado.

Dois dos marinheiros que carregavam caixas estavam caídos no chão, com ferimentos que tornavam difícil de dizer se estavam ou não vivos enquanto se olhava de longe. Próximo a eles, cerca de cinco caixas estavam caídas, com seu conteúdo espalhado no chão. No geral, eram itens de valor como ouro e jóias que pareciam ser feitos de forma bem artística. Olhando de longe, o cenário estava muito bagunçado para encontrar qualquer pista devido à grande quantidade de itens espalhados pelo chão.

Por sorte, a comoção havia sido o suficiente para a rua já estar vazia àquela altura. Prestando atenção, Arthur podia ver um resto de fumaça se dispersando ao redor na cena. Devia decidir agora qual abordagem iria tomar e qual abordagem esperava que os seus subordinados tomassem. Todos olhavam para ele esperando ordens, mas Frederik e Marília eram os que pareciam mais tentados a correr para ajudar os marinheiros no chão.

Controle:

Arthur julgava aquela como uma situação perfeita para continuar testando seus agentes. Por mais que os marinheiros no chão talvez ainda pudessem estar vivos, sua prioridade ali era outra. Lawrence se aproveitava da falta de movimentação na cena do crime para tentar encontrar alguma pista que lhe mostrasse o caminho que os criminosos haviam seguido.

O agente podia perceber que seus subordinados também se acalmavam ao ver seu modo de agir e começavam a analisar junto dele. Sem sucesso em encontrar pistas da direção tomada pelos bandidos, Arthur decidia permitir que seus agentes cuidassem dos marinheiros que estavam caídos no chão. Enquanto Marília e Frederik saíam correndo, para ajudar os marinheiros, Akali decidia que teria mais utilidade analisando a bagunça que se formou com a queda das caixas.

Eram dois marinheiros caídos ao chão. O primeiro deles, menor e mais fraco, parecia ter sido morto sem nem sequer ter conseguido tirar sua pistola do coldre. Um único corte podia ser visto em seu torso. O segundo, bem mais musculoso, tinha um soco inglês em mãos. Tinha dois cortes no corpo, mas apesar de sérios, nenhum deles parecia tão profundo quanto o sofrido pelo primeiro marinheiro. Frederik e Marília pareciam se surpreender ao perceber que o mais forte ainda respirava.

- Me ajude a levantar ele, Marília! Vamos ajudá-lo. - Era estranho ver Fred tomando à frente, ainda mais com uma ordem que fazia o mínimo de sentido - Cof Cof - O marinheiro tossia quando erguido e começava a abrir os olhos com bastante dificuldade. Frederik analisava suas feridas como quem realmente entendia do assunto, e então começava a abrir uma pochete que levava consigo - Calma, tenho a coisa certa para te ajudar! - Dizia ele procurando sabe-se lá o que. Quando finalmente tirava um pequeno fraco com um líquido branco, dava para o marinheiro beber - Toma! É leite, faz bem pros ossos! - Sem contestar, o marinheiro começava a beber, por mais que todos na cena pareciam não estar mais entendendo o que acontecia.

Akali continuava a analisar os objetos caídos, parecia bem minuciosa em sua procura. Alguns passos poderiam ser ouvidos naquela direção, e então um marinheiro grande, com algumas medalhas no peito, chegava acompanhado de outros três - O que vocês… Ah, são agentes! - Ele reconhecia rapidamente, e então olhava para os marinheiros no chão - Bobbie, Mille… Droga, o que houve? - Ele corria na direção do marinheiro maior e então Arthur percebia que este também carregava uma pochete. A diferença, é que este marinheiro sim tirava alguma coisa útil de lá, com algumas bandagens e outros materiais para primeiros socorros.

Frederik olhava surpreso e então segurava ele e liberava Marília de segurar o marinheiro, dando espaço para que o recém chegado fizesse os primeiros socorros. Akali agora começava a analisar as caixas, no lugar dos tesouros - O que houve aqui, Bobbie? - Para o que o marinheiro ferido respondia - Fomos atacados de surpresa… Não sei o que queriam. Dois homens de… Aaaaargh! Cof, cof, cof - E então, o marinheiro começava a se engasgar, parecendo também sentir muita dor no processo - Droga, deve ser alguma hemorragia interna! - O outro gritado, parecendo apressado para fazer alguma coisa e ajudar seu colega.

A atenção de todos os agentes se voltava para cena, apreensivos. O marinheiro dava instruções rapidamente para Frederik, mas nada parecia funcionar. Depois do que pareceu uma sequencia agoniante de tosses, Bobbie finalmente perdia a vida que restava em seus olhos - Droga… Bobbie… - Todos ali pareciam focados naquela situação e principalmente o marinheiro, parecia bem abatido. Cabia a Arthur decidir o que fazer agora.

Controle:

O silêncio fúnebre durava alguns instantes após a morte do marinheiro, mas Arthur sabia que não poderia perder tempo. Após analisar com cuidado os ferimentos dos marinheiros, ele perguntava para Akali o que a mesma havia encontrado, fazendo com que esta se despertasse do transe de assistir à cena do marinheiro perdendo a vida e voltasse a olhar para as caixas.

Engolindo quaisquer sentimentos que tivesse na hora, o marinheiro se levantava para responder a Arthur e suas perguntas. Com exceção de Akali, que analisava as caixas, os agentes voltaram a prestar atenção em seu superior - Sou o sargento Brown, responsável por administrar os carregamentos. A bem da verdade, só estávamos fazendo trabalho braçal aqui. As caixas eram carregamentos feitos à pedido do carni… Do agente Juuchirou, seu superior - Ele dizia, consertando sua fala no último segundo - Era muito secreto e não sabíamos o que estávamos levando, apenas a quantidade de caixas e onde deveríamos levar cada uma. Até onde eu sei, dentre todos os marinheiros, apenas esse grupo foi atacado.

- Senhor! - Ele ouvia a voz de Akali chamando sua atenção quando a agente julgava que o relato do marinheiro havia acabado. Quando tinha a atenção de Arthur, ela apontava para uma das caixas no chão - Essa marca… foi feita na madeira com bastante cuidado e bem escondida. Nenhuma outra caixa tem uma igual - Caso olhasse de perto, Arthur teria certa dificuldade até finalmente enxergar a marca que Akali havia comentado. De fato, era quase invisível para quem não olha com atenção.

Marca:

Depois de Arthur, todos na cena, incluindo o marinheiro se aproximavam para analisar aquilo - Talvez se analisarmos alguns registros antigos de casos de roubo, senhor, podemos encontrar algo sobre essa marca. De fato parece ter algo a ver com o que foi roubado - Dizia Marília - Deixarei nas suas mãos então. Se precisarem de mim, é só perguntarem pelo sargento Brown no QG. Vou cuidar dos corpos dos meus colegas… - O marinheiro dizia com certo pesar e então se voltava para os corpos.

Controle:

Os passos de Arthur eram silencioso, mas a após sua batida e entrada no cômodo, o agente atrás da mesa, aguardava de olhos fechados e dedos cruzados - Hmm... Arthur! Você tem passos silenciosos como todo agente deveria ter... -  O homem se levantou e abriu aqueles olhos esbranquiçados. Seguiu tateando a mesa enquanto dava a volta e tomava a peça em suas mãos e se sentava contra a mesa.

Seus olhos fitavam o nada, voltados para o alto da sala, enquanto seus com os dedos ele inspecionava aquilo - Hmm... E por que eu teria algo a ver com isso, agente Arthur? Qual a conexão de sua investigação com isso? - Assim o homem abriu espaço para o report de Arthur.

O homem coçou o queixo e levantou um dos dedos antes de falar - Acho que podemos tirar proveito disso então. Vamos montar uma emboscada! Me ouça bem Arthur, você vai passar as seguintes informações para sua equipe: Um carregamento importante pertencente a mim e altamente confidencial chegará ao porto esta noite no ancoradouro 36. Uma pequena equipe de marinheiros irá fazer o transporte até o armazém da marinha. Dito isso, sua missão será dividida em duas partes, pois tentaremos matar dois coelhos com uma cajadada só. Você deve ficar de olho na Marília para ver se ela realmente a fonte de vazamento da missão e se aproveitar disso para rastrear os saqueadores até seu esconderijo. Não defendam os marinheiros... - Nessa hora o homem não conseguiu conter seu lado sádico e deixou um sorriso crescer em seu rosto - Afinal eles são nossos peões aqui! -

O homem então entregou aquela peça de volta para o agente e voltou tateando a mesa até seu lugar, fazendo sinal que indicava que ele estava dispensado. Cabia agora a Arthur preparar todo o terreno para essa operação, desde a entrega das informações, rastreamento do delator e do esconderijo.

Juuchiro:

Controle: