Post 6

Estaz observava atentamente seu idolo contando-lhe o papel que executariam,  depois de tantos elogios Turckle tinha o jovem marinheiro em suas mãos feito um verdadeiro boneco. Os piratas estavam realmente ficando em alta e aquela ilha era um exemplo claro disso, o que ocorria na fácil crença do marinheiro naquelas palavras. tudo parecia muito genial vindo da voz do grande Carlton, os olhos de Estaz brilhavam como se já sonhasse com o sucesso, aquele dia certamente seria um dos mais marcantes de sua vida, quando ela mudou por completo. O jovem puxou seu lenço do pescoço e fechou os olhos antes que algumas lagrimas pudessem ser derramadas, mas não conseguiu segurá-las por muito tempo deixando escorrer feito cachoeiras em suas bochechas.

- Senhor Timbaland essa é simplesmente a coisa mais brilhante que já ouvir alguém dizer! - Logo secava suas lágrimas, e se levantava rumo ao balcão para pagar pela comida de ambos. Sem rodeios voltou sua atenção ao de cabelo azul e o respondeu. - Os piratas de Don Alvar que não foram presos estão sumidos... Provavelmente eles estão escondidos, talvez sob posse do bando do loiro... Como faremos isso? Se despedindo da senhora e o sujeito reclamão, seguia para fora do local, agora ambos já de estomago cheio podiam pensar com calma em qual caminho deveriam seguir, mas Estaz como um bom marinheiro lançava algumas ideias.

- Bem... Eu consigo conversar com alguns piratas do Don Alvar para saber como eles agem e assim interpretar melhor o papel! Talvez eles saibam também onde os amigos estão escondidos... Eu só não sei se eles aceitariam me contar hahaha! Eu acho que não! Por outro lado, sei onde fica o quartel general do loiro, todos fingem que não é ali, mas todo mundo sabe que é naquele lugar que o bando fica, só é um tanto barra pesada... Certamente seria problemático fingir ser de uma tripulação rival por aquelas bandas...

 Post 7

Enquanto a dupla seguia um caminho aleatório, Turckle sugeria algo bem inteligênte, que era realmente de se esperar de um pirata sorrateiro e bom de papo como ele, uma sugestão simplesmente perfeita para todos os feitos. Estaz era facilmente ludiabriado e sequer cogitava que poderia estar dentro de uma enorme teia de mentiras, que sempre ao estar próxima de se romper, Turckle conseguia contornar a situação e trazer o controle para suas mãos novamente.

- Certo, você é Turckle! Eu... Eu vou ser... Tarton Baland! - Falava o rapaz que parecia estar vivendo um sonho infantil, sequer se dava conta de estar a horas fora de suas obrigações como um marinheiro e que possivelmente receberia punições por sua falta de disciplina.

O atual Tarton até mesmo havia alterado suas expressões faciais, forçando uma cara de bad-boy, e seus passos ficavam mais largos como se cartoonizasse o andar de um pirata, era a forma como sabia fazer para entrar no papel. De acordo com que ambos iam caminhando, Turckle podia perceber que o caminho era oposto ao local onde se encontrava o barco de Don Alvar e sua ficha finalmente caíria... Estaz não sabia onde estava o barco com os piratas. Logo tudo elucidava ainda mais para a cabeça do falso ator, ao ver a enorme bandeira do quartel general da marinha numa instalação ao fim da rua em que estavam.

- Então senhor, como faremos para falar com os piratas!? - A grande maioria estava presa dentro do quartel general, alguns poderiam sim estar soltos, perdidos, outros até mesmo sob a posse dos piratas do loiro, sabe se lá por qual motivo, quem sabe até mesmo escondidos no próprio barco. A questão era que o único lugar conhecido para Estaz onde poderiam haver piratas do Alvar, era aquele imponente e grandioso Quartel General.

 Post 8

Estaz andava tranquilamente com seus passos largos e jeito exageradamente despojado, mas tinha uma pausa abrupta quando ouvia o comando de seu mentor. Replicava a mão no queixo que Turckle fazia e arqueava a sobrancelha, como se tentasse realmente pensar em uma solução. Para sua felicidade, o renomado ator tinha uma ideia ainda mais brilhante, um marinheiro ralé como Estaz não conseguiria uma audiência com bandidos, mas um outro preso poderia conseguir.

- É uma ótima ideia! - Falava estasiado, se esquecendo completamente dos deveres que havia jurado ao se tornar uma marinheiro, estava apaixonado por toda aquela tragédia dramaturga, havia se entregado inteiramente para aquela nova vida, sem se importar muito com as consequências.

As cenas seguintes se sucediam tranquilamente, sem muitos problemas ou empecilhos, apesar de estar com seu uniforme todo amassado e sem a maior parte dos adereços, Estaz se justificava dizendo que durante o sequestro foi removido de si os itens, restando apenas seus punhos para lidar com o mal-feitor, sua vontade era de a qualquer momento olhar para Tuckler e sinalizar um belo dedo positivo, como se pedisse por aprovação para sua grandiosa atuação, porém, o pirata não teria como ver esse ato, já que era carregado por dois brutamontes que tinham quase o dobro de seu tamanho para a localidade das celas.

Não estava cheia, apesar da grande fama daquele quartel general, o lugar de tão grandioso permitia um número enorme de presos tendo uma grandiosa instalação em sua prisão, um verdadeiro labirinto, durante todo o trajeto, Turckle poderia ter acompanhado que passaram por ao menos 3 portões trancados, até ser lançado em seu mais novo aposento, sozinho, no chão de palha.
- Anda! Entre! - Enquanto Estaz era elogiado na recepção, Turckle era chutado para atrás das grades.

Como Estaz seria capaz de resgatá-lo? Precisaria confiar bastante nas poucas habilidades de seu mais novo colega, ou seja lá quais sentimentos Turckle nutria pelo marinheiro. Enquanto podia estar arquitetando em como conseguiria sair dali, se algum dia veria novamente a luz brilhar no sol redondo, ou se o plano daria certo por completo, uma voz conhecida o chamada.

- Turckle!? É você? Por onde você esteve cara!? Que bom que está vivo! -

A noite seria longa... Ao menos Turckle tinha alguém conhecido para conversar.

 Post 9

Certamente Turckle tinha suas dúvidas, que logo tratava de enviá-las a seu companheiro Kamada, que ainda continuava sentado em um montinho de palha com os braços cruzados. - Ele nos entregou cara! Aquele filho da puta! Nos entregou! - Mesmo sem revelar o nome, o de cabelo azul já poderia imaginar de quem Kamada estava falando, Boile, mesmo que o sujeito não fosse misterioso, rolava alguns boatos que existia um traidor no bando, mas sem apontar muito. Boile era o Imediato do navio e frequentemente estava reclamando sobre a vida que viviam, dizia que certa época fora um sujeito popular e renomado, agora restava apenas aquele lixo de vida para ele. Apesar de reclamar constantemente sobre a vida de pirata, Boile era extremamente versátil e diversos conhecimentos, o que fazia justificável seu cargo, sem contar é claro, a amizade de longa data com o capitão.

- Eu tenho certeza que foi ele! Olha só cara, logo depois que começamos a beber, surgiu uma galera, todos usando umas perucas loiras e simplesmente nos atacaram, a luta tava de igual pra igual... É.. Estava, mesmo com a maioria muito bebada, você nessa hora já tinha apagado! Então chegou a marinha! Esses desgraçados! - Kamada fazia questão de encarrar um belo cuspe para fora das grades. - A marinha estava com esses loiros cara! Agora... A merda é que eu vi Shiro e Manilo morrerem... O restante não sei onde foi parar, já dei uns berros aqui pra ver se algum respondia, mas nada. Foi uma ideia de merda vir pra essa ilha!

A indignação na voz de Kamada era evidente, apesar de ser ranzinza, parecia fazer força para não chorar e virava o rosto para que Turckle não percebesse isso, mesmo que no fundo o sujeito quisesse só um abraço e estar verdadeiramente feliz por ter visto ao menos um de seus companheiros vivos. - Como foi que você veio parar aqui? -

As descrições do pirata pareciam lucidar um pouco mais da noite anterior para Turckle, conseguia ver aquele fogo e os gritos eufóricos de alegria dos piratas, aos poucos se transformando em um completo caos, gritos de dor, urros de raiva e sangue voando, conseguia lembrar de estar cambaleando, sem saber se estava se guiando para mais dentro ou para longe do combate, até finalmente cair no chão... As lembranças surgiam vividas em sua mente, mas o que o tirava da realidade por alguns seguidos era seu trauma, que buscava carona naqueles sons de espadas se cruzando para se tornar a voz das crianças...

 Post 10

Kamada já tinha visto Turckle ter outros surtos por fantasmas que o assombravam, mesmo que não soubesse o motivo disso, eram piratas, um bando de perdidos, repletos de cicatrizes da vida, era uma conversa que ainda não tinham e agora parecia o pior momento possível para falar sobre. Logo o companheiro pirata apenas ficou em silêncio passando sua mão por sua cabeça raspada e tentando evitar o olhar, deixando que Turckle tomasse o controle novamente sozinho. Ao fim, Kamada dava de ombros enquanto olhava para o azulado, se deitava no monte de palha e encarava o teto da prisão em que estavam.

- Aposto que sequer te revistaram... Essa prisão é enorme, mas tem poucos presos... Isso é estranho, são muitos marinheiros e poucos piratas presos, as vezes passa algum marinheiro ou outro andando por aí. Tentar escapar me parece bem problemático... A marinha ter ajudado aqueles loiros... Eles pareciam piratas, mas...

O careca levava sua mão até o rosto como se estivesse tentando se forçar a parar de continuar pensando, eram lembranças recentes demais, precisaria de mais tempo para conseguir entender tudo que tinha acontecido, não sentia que adiantava continuar tentando desvendar algum mistério.

- Se eu pudesse... Acabaria com cada um deles. - Apertava ambas as mãos de punho fechado apontadas para a pequena janela gradeada que liberava uma pequena vista para o céu e o mar.

Não havia muito o que se fazer naquela situação.

- Se você tá aqui, acho que seu plano de libertar deu um pouco errado hahaha! - Finalizava tentando jogar um pouco de humor, mesmo que sombrio naquele cenário melancólico em que se encontravam.

As próximas horas seriam extremamente tediosas para ambos os rapazes. O sentimento de que seriam abandonados ali para sempre era grande, só diminuía um pouco quando chegava um sujeito corpulento, com um chapéu de marinheiro e vestes padrões da marinha, apesar da aparência robusta, até mesmo o queixo largo com um x marcando a ponta, o homem tinha um sorriso simpático em seu rosto. Carregava duas marmitas e logo levantaria uma portinhola no chão empurrando em seguida ambas para a dupla, dizendo. - É garotos... Vocês ainda tem uma vida inteira pela frente, ainda dá tempo de mudar, eu mesmo já estive desse lado daí.