O Clamor dos Caídos
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JotaRock
O Clamor dos Caídos - Pt. 01
Fogo. As chamas caem torrencialmente. A cada tiro, um suspiro. A vida abreviava naquele canto do Novo Mundo. Embarcações gigantescas rosnavam num ranger metálico intenso. Quatro pontos azuis, um no centro. Palavras que mal conheciam num imensidão branca, hasteada, levantada, avante. Trovões. Não havia luz, só destruição. As moradas que antes ali estavam jaziam findando a história de uma nação inteira. Gritos, ensandecidos pela ira alheia. Sangue, verte forte dos corpos deles, voltando ao pó de onde vieram. Comandos, e mais comandados saindo do porto. Aquele embate parecia não ter fim. Tilintar dos metais. Explosões, embora um estrondo sussurrante, era ligeiro, atingindo a carne, os ossos, os nervos, a vida.
O fim chegou. Ele não pode fazer nada.
***
A cama de folhas revirada conta o que acontecera na última noite. Toda a água desse rio abundante não seria o suficiente para limpar esses pesadelos. Não. Visões. Acreditava piamente aquele homem nu, banhando-se no afluente gélido. Limpa os dentes com um pouco de Juá, uma erva abundante daqui, e água salgada. O Sol chegava, preguiçoso, de pouco em pouco. Passava um banho de cheiro, incluído alfazemas, camomilas, rosas. Tinha um amigo sensível nas costas, ainda dormindo, descansando como o adorno que é. Ele adorava o cheiro delas, e o homem também. Arrumado, vai á passos largos em direção a sua clareira favorita, ao um pouco mais ao norte, dez minutos caminhando. Devagar, acompanhando os raios que alumiavam o caminho de sempre.
"Um dia de cada vez..." - reflete como costumeiro. Tem todo o tempo do mundo. Por enquanto.
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JotaRock
O Clamor dos Caídos - Pt. 02
"AAAAAAAARGH!" - mãos ao rosto, desespero silencioso. As imagens lhe perturbam, as vozes o atormentam, a morte o espreita. Os espíritos daquela ilha ensandeciam-se. Essa sensação... O mal agourava aqui. Aquela mulher que invadia seus pensamentos pairava em suas memórias curtas. Aquilo era ensurdecedor, incessante, CAÓTICO!
E então se encerra.
Respiração ofegante. Suor frio. Olhos abertos. Mais uma dessas, em menos de uma hora. A Lua ainda fazia o seu trabalho, refletindo a luz ao mundo, como um espelho lúgubre da estrela maior. As luzes pareciam escapar do Shaman, seja animal, natural dos vagalumes, ou a de seus pensamentos. Tinha de voltar á si, sem dúvidas. Sentado, em posição de lótus, tenta voltar para a realidade, ao presente. Inspirar... dois, três, quatro. Respirar... quatro, três, dois, um. Olhos entre abertos. Concentração. Relaxamento. Paz.
"Essa mulher..." - calmo, passava tudo o que tinha visto á pouco tempo. "Marinha. Oficial. Treinava os seus mancebos, como uma loba e sua alcateia." - seguia em seus pensamentos, divagando, raciocinando, dando forma ao caos de sua mente atribulada. "Fogo. Morte. Se os espíritos realmente me alertam sobre isso... Esse lugar parece estar condenado." - uma suposição e nada mais, porém fundada em suas visões, que nunca falharam, infelizmente.
Em meios aos pensamentos, um toque sutil em seu rosto. Seu meio olhar tinha visto algo, nada nítido. Pousava em sua testa, cabia nela. Pequena, antenas, asas, contornos negros. Era uma borboleta. Não era nenhum zoólogo de profissão, nada disso, mas seu intuição instintiva tinha algo a lhe dizer? O significado disso? Boas ou más novas? Dúvidas e mais dúvidas, e nenhuma resposta imediata. Perfeito. Voltava sua meditação, junto de sua nova companhia, á procura de suas lembranças mais recentes daquela mulher, ou com seus comandados. Alguma situação que vivenciara, fala desconexa, interações antigas, mesmo que breves. Tudo isso serviria de base para montar sua resposta, gerar uma certa satisfação, ordem.
— Fique á vontade, amiga. Mas não se esqueça: eu não estou morto. Ainda. - dizia ao ar, piada interna sobre as borboletas serem carniceiras, á espreita da... Morte. Parece que não são boas as novas que virão.
JotaRock
O Clamor dos Caídos - Pt. 03
- Ãaahn? Mas o quê... - os espíritos ansiavam por algo. Era nítido para o Shaman. Eles queriam dizer algo. Inspira. Respira.
- Ysbrydion Yurd arwain fi yn eich pwrpas. - uma chamado sussurrante. "Espíritos de Yurd guiem-me em seu propósito." - na língua comum. Seu dialeto materno era reconfortante. Era a forma mais usada para se comunicar com os espíritos de sua terra natal. Enquanto dizia seu mantra local tocava no seu adorno, seu Totem, levemente. Os espíritos residiam ali. Eles estavam alvoraçados, sempre querendo mostrar algo, como crianças curiosas. Mas, dessa vez, eles tinham razão. O mundo lá fora estava diferente: sem o som dos tambores, sem a alegria cotidiana, sem o fogo de suas paixões que incendiavam de vida abundante. Nada. O mais puro, e ensurdecedor, silêncio.
Levantava de sua posição. Já havia pensado o suficiente. A calmaria compulsória da floresta, já cessando, era o indício necessário para se mover. Mas, antes de tomar qualquer decisão, teria de juntar dados suficientes, pra então gerar as informações necessárias e, enfim, agir com sabedoria. Já tinha um lugar para ir. Segue as trilhas usuais dos marinheiros, indo em direção para a entrada frequente deles da floresta, a borda que separava o Verde e o Cinza. Demoraria um tempo, mas seria uma boa caminhada. Caso necessário chama o seu amigo alce-totem "Cyrn" para montá-lo, em sua forma física completa. Chegando lá, dali tentaria enxergar o que estava acontecendo pelo arredores e no horizonte, onde a cidade pairava. Em seu comportamento não havia tempo para imprudência. A cautela o auxiliaria por completo, em busca do que queria.
A floresta está calma. O lobo uivou mais cedo. Ninguém o atrapalharia. Sabem que não podem. Com calma, seguia. Ele pode fazer alguma coisa, acha.
JotaRock
O Clamor dos Caídos - Pt. 04
*KATOOM!* - um tremor era sentido na floresta. Os animais ali estavam ariscos. Era o lugar deles, que sofria um baque. Quando alguns corajosos observam o que acontecera, surgia em seus sentidos a queda de um homem atarracado, pesado tentando montaria num alce, por sinal, duas vezes o seu tamanho. Nem precisava ser racional para saber o fim disso. Leva sua mão ao que já fora um rabo, instintivamente, o senhor de meia idade. Esfrega sua costas batida na queda, mas não seria o suficiente para aliviar a dor do tombo. Seu corpo já estava cansado. A juventude lhe esvaiu há duas décadas e meia, e dali por diante, ladeira a baixo.
— Aaargh... Ai ai... Estou muito velho para isso, não acha, Cyrn? - um relinchar desdenhoso, seguido de outro afirmativo. Esse alce era bem sacana, ás vezes. — Vamos treinar isso mais tarde, alce lazaren... - E então, resmungando de um lado ao outro, surgia para o Shaman uma pequena cabana abandonada. Era pacata, mas estava ali, de pé. Com curiosidade jovial que lhe permitia ter, guia seu amigo até lá. Sentia que obteria mais dados sobre a situação que acontecia ao longe, na cidade, que ainda estava acordada. Ali explorará cada canto, afim de encontrar algo que lhe interesse, na calma que obtivera tempos atrás, desde que a borboleta saiu voando dele. — Vigie a entrada, Cyrn. Avise se acontecer algo ruim lá fora - assim dizia o Yurd, esperando encontrar as informações necessárias para agir, como o sábio que tenta ser.
JotaRock
O Clamor dos Caídos - Pt. 05
A descida continua. O alce companheiro conseguira vigiar bem. Mal precisava se mexer: sua cara alongada, e seu corpo imenso, já era o suficiente para afastar curiosos. Assim a entrada na cabana foi tranquila. Já estava entreaberta. Silenciosa, havia somente um ronco sussurrante, de um singelo senhor sentado em sua cadeira e em sono profundo. No chão garrafas e "sementes brancas", estranhas ao Yurd. Havia papéis em sua cabeça, numa língua que, infelizmente, era de difícil compreensão para o Shaman, das terras longínquas, e isoladas. Não tinha um educação formal, mas reconhecia o perigo quando via, e havia um motivo dourado para se preocupar. Aproximava curioso com aquele "galho com metal retumbante cospe fogo". Ao encostá-lo, uma visão: cervo. Desvencilhou rapidamente, e seguiu viagem. Observar aquela coisa novamente lhe daria sérias visões, lembranças de um passado indesejado, onde o fogo tomou, e ainda toma, o seu lar. Era nítido o que o velho era: um caçador, e deles mantinha distância. Saiu do mesmo jeito que entrou. Incerteza e ansiedade invadiriam o seu ser, e isso deve ser evitado. Não queria assustá-lo, caso tenha uma visão mais intensa. Ele já tinha o suficiente.
As casas da descida seguiam no cenário desprovidas de luxo. Hasteavam as roupas em cordas de aço, faziam seus afazeres, viviam suas vidas. Não era muito de descer por essas bandas, mas, pela década já residida nessas bandas, sabe das mazelas afligentes sofridas daqui. Os espíritos tinha, perto deles, pareciam recém nascidos chorando por um brinquedo. A resiliência de todos é admirável, mas não pertencia ao Shaman. Só lhe restava a empatia mesmo.
Ouvia, em sua direção, uma voz aguda e jovial. Voltando-se a ela, surgia em seu semblante um mancebo desgarrado. Tinha uma esfera na mão, e um rosto assustado. O Yurd sabia como lidar com a situação. Vivera sempre com os filhos da tribo, ensinando-os sobre as histórias deles e de seus antepassados. Um de seus problemas era a abordagem, ultrapassar a primeira parede. A barreira da língua também o pegava de jeito, mas nada que não consiga resolver. Assim respira, inspira. - Cyrn, aros (fique) - sussurra o comando, enquanto toca em seu companheiro. Olha para o menino. Tenta esboçar um sorriso singelo, o máximo que consegue. Com um sotaque carregado diz:"É, oi moço!"
— Helo, bachgen (garoto). Sut twi... Co-o-mo va-ai? - rápido na fala, mas devagar no pensamento. A execução desejava, mas, para quem viveu isolado por anos, já é um avanço. Não iria até ele, só quando pedisse. O garoto, nascido á pouco, deve achar estranho a existência de alguém assim perto dele, ou não. Crianças são imprevisíveis.
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